terça-feira, 29 de junho de 2010

A verdade do pretérito imperfeito

 Tem uma professora na Escola de Teatro, chamada Amanda Maia. E recentemente descobri que ela tem um site com textos maravilhosos ( www.amamaia.com  ). E o primeiro texto que li deste site, reflete exatamente meu estado de espirito, então não podia deixar de postar aqui o trecho ao qual me refiro!

"[...]Meus olhos deveriam achar você transparente. Só teorias deveriam ser ouvidas. Mas o certo jamais gostou de mim, ainda que eu me sinta sinceramente pequena diante desse futuro incerto. Porque com você tudo é futuro do pretérito ou pretérito imperfeito, invenção, ficção, outra verdade que ficou muito além do espelho, é fazer o dia rir pra não gritar o que está mais do que estampado em todos os anúncios, em todas as placas, é negar, renegar qualquer poder, é fazer rascunhos de sublimação, é tão somente mentir. Mas não há mentira entre ver e sentir. Já entendi que é tudo reflexo do além-mar, do azul que me esconde e observa sereno, pra um dia, desavisadamente, me matar. E você brinca, brinca, brinca de ficar no entre uma coisa e outra, e paralisa ao menor sinal de coisa séria, só pra me fazer esquecer de querer abrir mão de te querer. Bem que essa podia ser só mais uma brincadeira e não me lembrar de frases inacabadas e pés que levitam. Já estou mais que perdida entre os tempos, já não sei mais não me odiar por cobiçar o proibido. Encontrei um anjo só pra entender que Lúcifer foi mais do que bem esculpido com mãos renascentistas. Quem dera você fosse uma estátua de mármore.[...]"

domingo, 27 de junho de 2010

Túnel do tempo [Eu e o teatro ] - Parte2

Então, um dia na minha oitava série, do ensino fundamental uma colega minha me chamou e falou que fazia parte de um grupo de teatro, que tinha um espetáculo em cartaz e que teria algumas apresentações no palco móvel, que ela não poderia fazer. Ela achava que eu poderia substitui-la.
O grupo se chamava Sintonia, e fazia parte de uma oficina do SESI Rio Vermelho.
Fui então assistir à apresentação, que se chamava 'Censura Retalhada' que era composta por várias Sketes. A cena desta minha colega era inspirada em um dos tipos fixos da commédia Dell'Arte, os Enamorados, misturado ao classicismo, e era bem fofinha. Declamavam um poema, que me lembro até hoje, ao som de 'It's you'.
Fui, então, fazer um teste, e a diretora, hoje uma grande amiga, Luciana Rocha, gostou de mim e me deu o papel. Fizemos as apresentações e quanto mais fazia, mais me encantava. Então, resolvi continuar com o grupo durante aquele ano.
Enfrentei algumas dificuldades como brigas com o namorado ciumento, horários dos ensaios por conta do meu curso técnico em química dentre outras coisas, mas fui levando.

Fiz a oficina e como resultado montamos um espetáculo chamado 'Opinião por assinatura', que era uma crítica a mídia nacional, e à  maneira como as pessoas compram as notícias, sem ao menos questioná-las. Adorei fazer esse espetáculo, e dentre os papéis que fiz, fiz uma Chacrete e uma criança.
Gostamos tanto do resultado que registramos o texto e saímos do Sesi, nos tornando um grupo residente da Sitorne chamado 'Segunda Opinião' e ficamos em cartaz por um tempo, com este espetáculo.
Depois participamos de uma das edições do Festival Nacional Ipitanga de Teatro. Não ganhamos nada, mas valeu pela experiência.
Começamos, então, um novo processo de montagem, com tango e frases de Nelson Rodrigues, mas aos poucos o grupo foi se afastando, por conta de compromissos paralelos, e se desfez.

Túnel do tempo [Eu e o teatro ] - Parte1

Venho de uma familia que não faz parte do "público de teatro", mas minha história com ele começou bem cedo.Na minha alfabetização.
Um dia trouxe um formulário para minha mãe preencher em casa. Era uma autorização para sair com a escola nas vésperas da Páscoa, para o teatro. Não lembro que teatro foi, e nem o nome da peça, mas me lembro que fiquei encantada com aquele universo. O que é até meio óbvio, uma vez que para as crianças esse "pacto do teatro", onde o ator finge para a platéia que é alguem, e a platéia finge que acredita,  não é tão claro, e tudo parecia realidade. Era também como ver um filme, com a diferença de que os atores estavam ali, a apenas alguns passos de distância.
Voltei para casa cheia de novidades, e comecei a encarar as minhas brincadeira de "mãe e filho" como um teatro, cristalizando situações e apresentando nas festinhas feitas em minha casa. Ao final sempre ouvia "Nossa, que bonitinho", "Nossa, como sua filha é inteligente", "Nossa, como sua filha é desenibida", e sempre me achava depois de tais comentários. Nesse momento, conheci a vaidade do ator. 
Então, na festinha de fim de ano da minha escola, a professora resolveu fazer uma teatrinho. Iríamos montar Dona Baratinha, e o papel principal foi meu.
Até hoje me lembro da cena em que eu, vestida com uma "saída de praia" de minha mãe, branca com bolinhas pretas, achava uma moedinha atrás da latinha de lixo, e começava a pular, gritando :"Tô rica! Tô rica. Desse dia em diante não parei, e todo final de ano apresentava uma pecinha nos colégios.
Já fui Dona Baratinha, uma índia, uma alcoolatra, uma drogada, a mãe de Moisés, dentre outros que não me lembro agora.Adorava isso. Adorava ser várias.