segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É bom poder contar a história

Sabe aquele tipo de viagem, onde a pessoa chega tranquilamente no aeroporto, faz seu check-in, passeia um pouquinho, pra passar o tempo, embarca, dorme e quando acorda está no seu destino? Pois bem...esse tipo de viagem não é pra mim.
Tudo foi bem até a parte de procurar meu portão de embarque. Em seguida tudo virou uma novela.
Meu portão era o três, localizado na casa da p.... . Andei horrores, e quando finalmente acho, ouço a vozinha da infraero "Atenção passageiros do vôo 3155, com destino a guarulhos, dirijam-se ao portão de embarque RB, logo após o raio-x." . Resultado: volto tudo.
Vocês conhecem alguém que já pegou um ônibus errado? Eu conheço várias pessoas que cometeram esse erro. E alguém que pegou o avião errado? Pois eu consegui essa façanha. Ou melhor, achei que tinha conseguido. É que a mulher com quem minha mãe se informou sobre meu vôo, atendendo a um pedido meu, disse que já que eu ia pra Campinas era pra eu ir pra o aeroporto algumacoisacopos, e não o de Guarulhos. Imaginem como eu fiquei!!! E pra piorar eu soube disso ouvindo, pelo celular, minha mãe conversar com uma mulher "Itaa poha! Ela já tá lá. E agora?" . Resumindo este capítulo da novela, resolvi embarcar mesmo assim ( Se fosse mesmo o aeroporto errado, pegaria um ônibus até o aeroporto certo e seguiria o meu destino).
Entro no avião, e tenho o prazer de sentar numa poltrona na frente de um pirralho nerd (tipo eu quando era mais nova) insuportável, que queria ser piloto, sabia tudo sobre altitude, conseguia definir a cidade pela qual estávamos passando, sabia pilotar como ninguém (no videogame, creio ) e não parava de falar. E a mãe dele, criatura adorável, fazia perguntas dos mais variados tipos para ver o filhinho gênio responder e ficar toda orgulhosa.
Não foram poucas as vezes que pedi a misericórdia divina. Para minha sorte, tinha um mp4 na bolsa.
Quando desembarquei liguei pra minha mãe, que me deu a notícia, maravilhosa, de que eu estava no aeroporto certo. Respirei, profundamente, aliviada. Para continuar eu deveria pegar um ônibus até a rodoviária.
Fui até o guichê comprar meu bilhete e recebo a notícia de que tinha acabado de sair um ônibus, e que o próximo só às 20:00 . Detalhe: era 18:30 . Pensei: vou passear no aeroporto.
Quando resolvo tomar um ar às 18:55, percebo uma movimentação estranha, e um ônibus da empresa da que eu iria pegar, se preparando pra sair. Foi então que me toquei: "P..ta que Pari..., o horário de verão!" .
Corri e consegui pegar o ônibus. Chego na rodoviária. Lá eu deveria pegar um outro ônibus, até o terminal Barão Geraldo. Ou seja, saí procurando o tal ônibus.
No meio da minha busca resolvo ir ao banheiro. A senhora que tomava conta do banheiro, e que me informou o preço pra usá-lo, percebeu que eu não era de lá. Ela: "De onde você é?" Eu: " Bahia" - Imediatamente vi que seus olhos tinham visto a guia de Oxum que tinha em meu pescoço. Ela: "Lá tem muito pai de Santo né? " Eu:" Han? o.O" - Então, adoravelmente ela começou a falar sem parar, sobre uma pessoa que mandou 26 mensagens pra ela, e que era pra eu dizer pra ela se essa pessoa era do bem, e que eu perguntasse pra minha Pomba o que ela deveria fazer. - É. Vocês não leram errado. Ela falou isso mesmo. Exatamente assim. - Enquanto eu insistia para usar o banheiro, ela insistia pra eu pensar no assunto. Quando consegui, me esquivei e deixei ela falando sozinha.
Enquanto corria, achei o que parecia ser a entrada para o terminal do ônibus. E pra confirmar perguntei a uma mulher que estava com a farda da rodoviária. "Moça, como faço pra chegar no terminal Barão Geraldo?" A mulher se virou e começou a chorar.
Chorar muito.
Eu, é claro, fiquei sem ação. "Moça, a senhora tá bem?" "Desculpa (suspiro). É que eu ...tive um dia muito ruim. (Suspiro) Mas não vou descontar na senhora não. (suspiro)...Siga em frente, vire a esquerda e depois a direita, e pegue o ônibus 322" - Corri de novo.
Depois disso, tudo começou a correr tranqüilamente (já não era sem tempo). Cheguei, encontrei quem tinha que encontrar, e agora estou devidamente alojada, terminando esse post para ir dormir.
Amanhã tem mais 'Diário de Bordo'

Eu gosto da noite

Eu gosto da noite. Porque é nela que as pessoas se encontram. É nela que os bares abrem, e as pessoas se olham. É nela que as pessoas bebem e se mostram. É nela que a cidade pulsa.
Eu gosto da noite. Porque é nela que a casa se une, e seus habitantes se perguntam "como foi seu dia?". É nela que se descansa, e se ver o tempo passar. É nela que se dorme abraçado, ou se dorme sozinho. É nela que se sonha.
Eu gosto da noite. Porque é nela que as mentes funcionam. É nela que se coloca o trabalho atrasado em dia. É nela que se pensa e se escreve. É nela que se "poeta"(com toda licença que a poesia me permite).
Eu gosto da noite. Porque é nela que a cidade adormece. É nela que os carros param, o mar faz barulho, e se ouve o vento. É nela que as estrelas brilham, e os pássaros dormem.
Eu gosto da noite, porque é em seu silêncio que eu me escuto...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ser, individuo, sujeito, PERSONA


Por conta de uma cena para qual estou ensaiando, fui aconselhada a assistir PERSONA. De cara não me animei, pois já tinha tentado assistir e não tinha conseguido passar dos 5 minutos iniciais. Nunca havia assistido nenhum dos filmes classificados como Cult, e começar por Bergman, e mais precisamente por Persona não foi a coisa mais sensata que tentei fazer. Mas dessa vez tinha uma grande motivação para passar dos citados cinco minutos: A cena.
Perdoem-me se esse post não fizer sentido, mas é que acabei de assistir e não tem nada fazendo sentido na minha cabeça. Talvez eu devesse esperar pelo menos o grande embrulho, que se formou no meio do meu peito, se dissolver, ou o meu ar voltar, mas minha ansiedade não me deixa esperar tanto. (Gente será que o que estou sentindo é algum grau da Síndrome de Stendhal?...juro que nunca me senti assim!)
Não vou falar um resumo da história, nem como a atriz (Elisabet) e a enfermeira (Alma) se conheceram. Tudo isso se encontra na primeira sinopse que aparecer em uma busca (nem precisa ser detalhada) no Google. Mas preciso destacar que nunca me sentir tão presa ao assistir um filme! Nunca uma hora passou tão rápido. Não sei se foi o tipo de filmagem, com a qual não estou acostumada, ou a trilha sonora angustiante. Talvez tenha sido culpa dos closes sufocantes, o tom enigmático ou não sei mais o que.
Na verdade, na verdade , o que aconteceu no filme ainda não está claro para mim. Ainda não sei dizer, se as duas se confundiam, se se completavam, ou se sempre foram uma só. Mas das coisas que achei mais forte foi a simplicidade ao falar do quão comum é representar, diante de pessoas, diante de uma classe ou mesmo diante de nós mesmos. Coisa pela qual me culpo muitas vezes.
Acho que o dia em que um homem for capaz de agir COMPLETAMENTE de acordo com suas vontades, o mundo terá conhecido um ser totalmente livre. Mas não acredito que isso tenha acontecido....às vezes não acredito nem que isso seja um dia possível.
Pronto acho que já sei porque o filme me deixou tão sufocada. Acho que ele mostrou minha prisão, ao mesmo tempo que abriu uma porta enorme de questionamentos que chegam descontroladamente em minha cabeça .


Pra encerrar, um trecho da fala da analista à Elisabet, logo após aquela oferecer sua casa de verão na praia para a atriz descansar:

- Pensa que não entendo? O inútil sonho de ser. Não parecer, mas ser. Estar alerta em todos os momentos. A luta: o que você é com os outros e o que você realmente é. Um sentimento de vertigem e a constante fome de finalmente ser exposta. Ser vista por dentro, cortada, até mesmo eliminada. Cada tom de voz, uma mentira. Cada gesto, falso. Cada sorriso, uma careta. Cometer suicídio? Nem pensar. Você não faz coisas desse gênero. Mas pode se recusar a se mover e ficar em silêncio. Então, pelo menos, não está mentindo. Você pode se fechar, se fechar para o mundo. Então não tem que interpretar papéis, fazer caras, gestos falsos… Acreditaria que sim, mas a realidade é diabólica (…).