domingo, 17 de julho de 2011

Nota importante: Sensatez

Queixo-me às rosas,
Mas que bobagem
As rosas não falam
____Cartola

Isso é , depois dos últimos acontecimentos, o que eu chamo de sensatez. Se isso for uma escolha delas, mais sensatez ainda. Isso evita que descubram o real objetivo de seus espinhos (se é que existe um objetivo real). As Rosas deixam, simplesmente, que pensem que é defesa contra possíveis agressões e continuam a sua existência sem serem incomodadas com grandes questionamentos para saciar a curiosidade das outras flores e admiradores, muitas vezes fantasiadas de preocupação.
Se o perfume que elas exalam, foi roubado de um outro Alguém, que seja. Não interessa a Ninguém a sua identidade. Dessa forma ela continuará cheirando a Rosa, Cravo cheirando a cravo e Margarida cheirando a margarida. Imaginem se a Anêmona, sempre abandonada, descobrisse a origem do cheiro da Rosa ? Ou o Cravo? Talvez tenha sido por isso que ele brigou com a Rosa debaixo da sacada. Aliás, isso acontece com frequência, omitir ofende. E quando as pessoas, nesse caso Flores, se sentem ofendidas , brigam. Mas será que ninguém notou que o Cravo também não contou de quem roubou o cheiro que exala? Talvez se a Rosa tivesse percebido esse fato não tivesse saído despedaçada.
Uma vez a Rosa contou a um de seus admiradores, só para passar o tempo e terem assunto, que na Turquia no século XVIII criaram um código para expressar os sentimentos com as flores, e que de acordo com esse código, o luto é expressado pelas, tão desconhecidas, Tagetes; a tristeza com os Gerânios; Se diz que está apaixonado com os Crisântemos; e se declara amor com as Tulipas. Nesse dia a Rosa se despediu dele feliz. Era bom terem assunto. Se entendiam bem. Talvez por isso ele a admirasse tanto, pensou a Rosa. 
No dia seguinte ele voltou e continuaram conversando. No outro a mesma coisa. No outro a mesma coisa. Depois sumiu. Começou a dar  de presente Tagetes, Gerânios e Tulipas. A Rosa então esperou que pelo menos a Madressilva, com sua meiguice, lhe contasse que ela, a Rosa, era usada, de acordo com o tal código, para expressar o amor (informação que a Rosa esquecera, propositalmente, de acrescentar para não parecer arrogante) e com isso ele voltasse. Mas ele não voltou. Talvez a Madressilva com sua modéstia não quisesse mostrar que conhecia o tal código, ou talvez fosse tímida e não gostasse tanto de conversar, ou talvez ele não estivesse amando. Isso também não interessa. O que interessa é que ele não voltou. Talvez depois disso ela tenha parado de falar e tenha preferido confundir e deixar que lhe queiram bem. E quando os admiradores voltam ao jardim para chorar, elas apenas exalam seu perfume e deixam que chorem. Então, eles sempre voltam.
Só não me perguntem como as Rosas me contaram isso tudo, nem em que ocasião.


Nenhum comentário: