sexta-feira, 30 de julho de 2010

Nota importante - Imediatista

 

Eu quero tudo pra ontem!
Eu quero que tudo aconteça nesse instante.
Eu sempre acho que poderia ter conhecido as pessoas antes.
Eu sempre acho que cheguei tarde no lugar.
Eu sempre acho que demorei demais para começar.
Eu sou imediatista e ponto.
Pena que o relógio nunca me obedece.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O menino a bico de pena

Por Clarice Lispector

Como conhecer jamais o menino? Para conhecê-lo tenho que esperar que se deteriore, e só então ele estará ao meu alcance. Lá está ele, um ponto no infinito. Ninguém conhecerá o hoje dele. Nem ee próprio. Quanto a mim, olho, e é inútil: nã consigo entender coisa apenas atual, totamente atual.O que conheço dele é a sua situação: o menino é aquele em quem acabaram de nascer os primeiros dentes e é o mesmo que será médico ou carpinteiro. Enquanto isso - lá está ele sentado no chão, de um real que tenho de chamar de vegetativo para poder entender. Trinta mil desses meninos sentados no chão, teriam eles a chance de construir um mundo outro, um que levasse em conta a memória da atualidade absoluta a que um dia já pertecemos? A união faria a força. Lá está ele sentado, iniciando tudo de novo mas para a própria proteção futura dele, sem nenhuma chance verdadeira de realmente iniciar.
Não sei como desenhar o menino. Sei que é impossível desenhá-lo a carvão, pois até o bico de pena mancha o papel para além da finíssima linha de extrema atualidade em que ele vive. Um dia o domesticaremos em humano, e poderemos desenhá-lo. Pois assim fizemos conosco e com Deus. O próprio menino ajudará sua domesticação: ele é esforçado e coopera. Coopera sem saer que essa ajuda que lhe pedimos é para seu autossacrifício. Ultimamente ele até que, pouco a pouco - pela bondade necessário com que nos salvamos - ele passará do tempo atual ao tempo cotidianos, da meditação à expressão, da existência à vida. Fazendo o grande sacríficio de não ser louco. Eu não sou louco por solidariedade com os milhares de nós que, para construir o possível, também sacrificaram a verdade que seria uma loucura.
Mas por enqaunto ei-lo sentado no chão, imerso num vazio profundo.
Da cozinha a mãe se certifica: você está quietinho aí? Chamado ao trabalho, o menino ergue-se com dificuldade. Cambaleia sobre as pernas, com a atenção inteira para dentro: todo o seu equilíbrio é interno. Conseguido isso, agora a inteira atenção para fora: ele observa o que o ato de se erguer provocou. Pois levantar-se teve consequências e consequência: o chão move-se incerto, uma cadeira o supera, a parede o delimita. E na parede tem o retrato de O Menino. É difícil olhar para o retrato alto sem apoiar-se num móvel, isso ele ainda não treinou. Mas eis que sua própria dificuldade lhe serve de apoio: o que o mantém de pé é exatamente prender a atenção ao retrato alto, olhar para cima lhe serve de guindaste. Mas ele comete um erro: pestaneja. Ter pestanejado desliga-o por uma fração de segundo do retrato que o sustentava. O equilíbrio se desfaz – num único gesto total, ele cai sentado. Da boca entreaberta pelo esforço de vida a baba clara escorre e pinga no chão. Olha o pingo bem de perto, como a uma formiga. O braço ergue-se, avança em árduo mecanismo de etapas. E de súbito, como para prender um inefável, com inesperada violência ele achata a baba com a palma da mão. Pestaneja, espera. Finalmente, passado o tempo necessário que se tem de esperar pelas coisas, ele destampa cuidadosamente a mão e olha no assoalho o fruto da experiência. O chão está vazio. Em nova brusca etapa, olha a mão: o pingo de baba está, pois, colado na palma. Agora ele sabe disso também. Então, de olhos bem abertos, lambe a baba que pertence ao menino. Ele pensa bem alto: menino.
- Quem é que você está chamando? Pergunta a mãe lá da cozinha.
Com esforço e gentileza ele olha pela sala, procura quem a mãe diz que ele está chamando, vira-se e cai para trás. Enquanto chora, vê a sala entortada e refratada pelas lágrimas, o volume branco cresce até ele – mãe! – absorve-o com braços fortes, e eis que o menino está bem no alto do ar, bem no quente e no bom. O teto está mais perto, agora; a mesa, embaixo. E, como ele não pode mais de cansaço, começa a revirar as pupilas até que estas vão mergulhando na linha do horizonte dos olhos. Fecha-os sobre a última imagem, as grades da cama. Adormece esgotado e sereno.
A água secou na boca. A mosca bate no vidro. O O sono do menino é raiado de claridade e calor, o sono vibra no ar. Até que, em pesadelo súbito, uma das palavras que ele aprendeu lhe ocorre: ele estremece violentamente, abre os olhos. E para o seu terror, vê apenas isso: o vazio quente e claro do ar, sem mãe: O que ele pensa estoura em choro pela casa toda. Enquanto chora, vai se reconhecendo, transformando-se naquele que a mãe reconhecerá. Quase desfalece em soluços, com urgência ele tem que se transformar numa coisa que pode ser vista e ouvida senão ele ficará só, tem que se transformar em compreensível senão ninguém o compreenderá, senão ninguém irá para o seu silêncio, ninguém o conhece se ele não disser e contar, farei tudo o que for necessário para que eu seja dos outros e os outros sejam meus, pularei por cima da minha felicidade real que só me traria abandono, e serei popular, faço a barganha de ser amado, é inteiramente mágico chorar para ter em troca: mãe.
Até que o ruído familiar entra pela porta e o menino, mudo de interesse pelo que o poder de um menino provoca, para de chorar: mãe. Ele trocará todas as possibilidades de um mundo por: mãe. Mãe é: não morrer. E sua segurança é saber que tem um mundo para trair e vender, e que o venderá.
É mãe, sim, é mãe com fralda na mão. A partir de ver a fralda, ele recomeça a chorar.
- Pois se você está todo molhado!
A notícia o espanta, sua curiosidade recomeça, mas agora uma curiosidade confortável e garantida. Olha com cegueira o próprio molhado, em nova etapa olha a mãe. Mas de repente se retesa e escuta com o corpo todo, o coração batendo pesado na barriga: fon-fon! Reconhece ele de repente num grito de vitória e terror – o menino acaba de reconhecer!
- Isso mesmo! Diz a mãe com orgulho, isso mesmo, meu amor; é fon-fon que passou agora pela rua, vou contar para o papai que você já aprendeu, é assim mesmo que se diz: fon-fon, meu amor! Diz a mãe puxando-o de baixo para cima e depois de cima para baixo, levantando-o pelas pernas, inclinando-o para trás, puxando-o de novo de baixo para cima. Em todas as posições o menino conserva os olhos bem abertos. Secos como a fralda nova.

domingo, 18 de julho de 2010

" Temos Vagas" no meio da insônia!


O relógio está marcando nesse exato momento 01:05 da madrugada. E antes de dormir preciso liberar minha frustração.
Estava caminhando pela sala, em mais uma das minhas crises de insônia, que tem me acometido atualmente, quando resolvi ligar a TV e ver o que estava passando.
O filme que passava na Globo já estava bem avançado. Não sabia qual era o nome, e muito menos qual era o gênero.
Pelo que entendi era a história de um casal que estava em crise, depois da morte do filho deles, e se perdiam na estrada durante a noite, enquanto voltavam de uma viagem. Acabavam parando para pedir ajuda em um Motel, cujo o dono era um maníaco que tinha uma equipe, e todos os equipamentos necessários, para roubar e matar os hospédes e depois ainda lucrava com com a venda dos filmes que fazia durante os assassinatos.
Só sei que não conseguia parar de assistir.A trama era muito envolvente e fiquei com meu coração na mão durante todo o tempo. E o filme sempre surpreendia.
Entretanto, a maior surpresa foi o péssimo final. Sem graça, sem um fechamento digno, sem....sei lá. Fico até sem palavras para descrever.
Enfim....Existem certos filmes que nos deixam frustradas. ' Temos Vagas' (nome do filme, como descobri no último bloco) é um desses.

sábado, 17 de julho de 2010

Nota importante - Sem criatividade

Queria escrever um post agora.
Mas um post que fosse digno de ser lido.
Mas não vi, nem vivi nada que valha a pena maquiar e transformar numa história engraçada, polêmica e/ou emocionante.
Poderia então falar do que sinto, mas isso está tão embaralhado, amarrado e confuso que não conseguiria expor. E se conseguisse, não sei se teria coragem. A única coisa que sei é que é só amor que respiro.
Amor por pessoas, por coisas, por lugares, por deuses, por sonhos.
Amores possíveis, amores passados, amores proibidos, amores vividos. Amores.
Podia então escrever a primeira coisa que passasse em minha mente. Mas não dá. O fluxo de pensamentos é muito maior do que posso controlar (Minha mente tem vida própria! Um dia ainda consigo provar isso!).
...



...

Acho melhor deixar pra outro dia!

Nota importante - Impulsiva

 “Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. 
O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. 
Vou pensar no assunto. E certamente o resultado
ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Nota importante


"Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Nota importante - Homenagem à tarde!

Para Yuri Tripodi

Tudo bem que meu pavê não era tão bonito quanto esse..mas...!



A gente não faz amigos, reconhece-os.
Vinícius de Moraes

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Dancem macacos, dancem!

Cronômetro vivo

Pedimos calma!
Nos pedem silêncio desde o dia em que nascemos
até quando trocamos as folhas do calendário
sem saber ao menos que horas são
Fazemos sala para quem não nos é chegado
Cumprimos papéis
Frequentamos eventos
Olhamos e fingimos que não vemos
Mas sabemos que no tempo da vida mesmo
sempre chegaremos atrasados...
É hora de continuar vivendo sem saber por quê.

(Erick Rocha)

Para ler mais textos dele acessem http://muitoserickrocha.blogspot.com/

Nota importante - Coisas que eu sei

Eu quero ficar perto de tudo que acho certo.Até o dia em que eu mudar de opinião.
A minha experiência, meu pacto com a ciência, meu conhecimento é minha distração...
Coisas que eu sei eu adivinho sem ninguém ter me contado.
  • Coisas que eu sei: O meu rádio relógio mostra o tempo errado.Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto. Do meu desarrumado.Ninguém sabe mexer na minha confusão. É o meu ponto de vista. Não aceito turistas. Meu mundo tá fechado pra visitação...
  • Coisas que eu sei: O medo mora perto das idéias loucas.
  • Coisas que eu sei: Se eu for eu vou assim. Não vou trocar de roupa é minha lei...
Eu corto os meus dobrados. Acerto os meus pecados. Ninguém pergunta mais, depois que eu já paguei. Eu vejo o filme em pausas. Eu imagino casas. Depois eu já nem lembro do que eu desenhei...
  • Coisas que eu sei: Não guardo mais agendas no meu celular.
  • Coisas que eu sei: Eu compro aparelhos que eu não sei usar. Eu já comprei...
As vezes dá preguiça. Na areia movediça quanto mais eu mexo, mais afundo em mim.
Eu moro num cenário do lado imaginário. Eu entro e saio sempre quando tô a fim...
  • Coisas que eu sei: As noites ficam claras no raiar do dia.
Coisas que eu sei são coisas que antes eu somente não sabia...Agora eu sei...
Ah! Agora eu sei...
Ah! Eu sei!

(Coisas que eu sei - Danni Carlos)

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nota importante - Segredo

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática[...]O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.[...]Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Amar não requer conhecimento prévio[...]Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um dia com Murphy ao lado

Eu e alguns amigos do CEFET, tivemos a brilhante idéia de passar esse feriadão de muito sol (para não dizer o contrário) na ilha. Mesmo com toda chuva, frio e mosquitos deu pra se divertir bastante. Mas o último dia foi especial.
Pra começar acordamos muito felizes porque quando abrimos as janelas, raios de sol, até então desaparecidos, invadiram a casa e todos rapidamente colocaram suas roupas de banho e fomos aproveitar. Até que no ápice de nossa alegria surgem no céu nuvens cinzas. Era a chegada de Murphy.
Saímos da água, almoçamos e fomos pegar o Ferry pra voltar. A saída estava marcada para  14:45, mas 15:00 hrs eu ainda estava na fila. Começaram a se revoltar e depois de pedidos de "abreee", começaram a aparecer os xingamentos, que tinham como alvo o pobre do rapaz que abria os portões.
Enquanto esperávamos na fila, rindo das barbaridades que eram proferidas pelos revoltados, a expectativa era grande: "Em qual ferry iremos?"
Se fosse o Ivete Sangalo, sabíamos que rapidamente estariamos em Salvador, mas se fosse o Bethânia, já era.
Como Murphy gosta de brincar, não foi um nem outro, foi um ainda pior, o Paraguacú.
Esse, segundo um amigo, ainda deve ter um compartimento no fundo, onde os escravos colocam carvão nas fornalhas, alimentando o motor. Só isso justificaria a lentidão do "barco". Comecei a pensar em ajudar, fazendo uma vela com a minha canga. 
Era incrível como o Ferry estava cheio. Não pensei que existessem tantos loucos, como eu e meus amigos. Procuramos um cantinho e nos acomodamos em um lugarzinho na parte mais superior, até que a viagem começou.
Resolvi comprar alguma coisa pra comer. Presenciei então mais uma briga.
Um rapaz na fila, reclamava que não estava sendo atendido, e que se não fosse logo ele quebraria o vidro. Então ele começou a bater no vidro, e eu, comecei a ficar desesperada. Quando a briga ia começar a esquentar, uma mulher grita. Quando olho, um rapaz tinha começado a ter um ataque epiletico. Resultado? O Ferry teve que voltar para dar socorro.
Depois quando estávamos em alto mar, vi o ferry Ivete passar, também em direção à Salvador, enquanto o nosso começava a balançar com as ondas.
Depois de muita luta cheguei em casa, e agora quando Murphy diz...:
Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará
...Eu acredito na hora.