terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.



Álvaro de Campos, 15-1-1928

Torre de Babel

Há pouco tempo atrás ( não me recordo a data exatamente) fui assistir a peça de formatura da diretora Marcelle Pamponet,  lá na Escola de Teatro.
O texto escolhido foi Torre de Babel, texto de Arrabal. Essa peça fez parte da programação do circuito Torre de Arrabal. Não sei de quem é a organização desse evento, mas isso também não importa. O que vim falar foi o quanto foi bem feito.
Foi simplesmente maravilhoso. Texto incrível (que eu não conhecia), direção fantástica, cenário impecável, figurino lindíssimo , e atores de deixar a platéia de queixo caído. Quando cheguei na platéia já fiquei maravilhada com o cenário e com a presença de Simone Brault no trono de Latidia. E quando saí ainda tinha a barriga doendo de tanto rir de Mareda e da bêbada, maravilhosamente interpretadas por Vera Pessoa, que roubou a cena várias vezes.
Pra não dizer que não discordei de nada, acho que a iluminação podia ter sido mais.
Enfim..foi ótimo. Tanto que assisti duas vezes, e não assisti mais por falta de oportunidade.
Parabéns Marcelle e toda a equipe. Mas sei que não teria um presente melhor do que estréiar diante do próprio Arrabal.

Conversa com Celso Nunes

Fui informada que no dia 26 de agosto, na sala V da Escola de Teatro, haveria uma conversa com o, já consagrado, diretor teatral Celso Nunes.
Confesso que até este dia não sabia nada a respeito dele. A não ser que tinha trabalhado algumas vezes com Fernanda Montenegro. Tá que o foco da conversa seria sua experiência com Grotowski, mas ainda assim a informação que tinha sobre ele contou bastante na hora de me fazer sair de casa, depois de uma tarde cansativa de trabalho.Mas preciso assumir: Que conversa fantástica!
Ele começou contando como foi sua experiência para montar um de seus trabalhos baseados no trabalho de Grotowski: O albergue. Uma espécie de espetáculo depoimento, baseado na realidade que os atores viviam nos albergues e as condições de trabalho que tinham.
Contou que precisariam de no minimo 12 horas de trabalho por dia, por pelo menos um ano, para que alcançassem algo parecido com o trabalho proposto por Grotowski. Tempo que eles não tinham.Então ele resolveu trabalhar com o que os atores já tinham, e deu alguns desafios para que eles "vencessem".
Um que chamou minha atenção foi o caso da mulher que tinha medo de passar por uma praça à noite, pois só tinham prostitutas e ela tinha medo de ser presa como uma delas. Resultado: ela teve que se passar por uma prostituta. Chegou a conversar com os "clientes", negociava, ouvia suas propostas e por aí vai! No fim das contas conseguiu dados preciosos.
Depois contou sua experiência diante do excêntrico Grotowski. Falou sobre as qualidades que ele achava indispensáveis ao ator que gostaria de seguir por esse caminho, como sensibilidade, inquietação diante do mundo e espiritualidade.
Foi uma conversa muito tranquila, engraçada e animadora. Mas dentre as frases que disse,uma ainda reverbera em minha cabeça:
"Ela era extremamente frágil, e por isso, uma grande criadora"

Nota importante - Amores não correspondidos

"Descobri que quase tudo que já foi escrito sobre o amor é verdade.
Shakespeare disse: "encontro de amor é jornada finda". Que idéia maravilhosa! Pessoalmente, eu nunca passei por nada parecido com isso. Mas estou convencida de que Shakespeare já. 
Suponho que penso no amor mais do que deveria; me admira o grande poder do amor em alterar e definir as nossas vidas.
Shakespeare também disse que o amor é cego. 
Isso é uma coisa da qual eu tenho certeza. 
Para alguns, sem explicação, o amor se apaga. Para outros o amor simplesmente se perde.. ou brota quando menos se espera, mesmo que seja só por uma noite.
No entanto, existe outro tipo de amor. 
O mais cruel... aquele que quase mata suas vitimas. Chama-se "amor não correspondido". E eu sou especialista nele. 
A maioria das histórias de amor falam das pessoas que se amam mutuamente. Mas, o que acontece com os demais? E as nossas histórias? Aqueles que se apaixonam sozinhos? Somos vitimas de uma relação de mão única. Somos os amaldiçoados dos amantes, somos os não amados. Os que caminham feridos, os deficientes sem uma vaga exclusiva..." 
(Trecho do filme O amor não tira férias)

domingo, 29 de agosto de 2010

Nota importante - Abandono


Aff...abandonei meu pobre coitado blog!
Tomarei vergonha na minha cara e acabarei com isso em breve!!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

E se, e somente se.

E se hoje eu resolvesse dizer só a verdade? Quantas pessoas eu conquistaria? Mas em contrapartida, quantas magoaria? E o que valeria mais à pena?
E se ontem eu tivesse lido aquele livro, o que eu teria feito hoje, enquanto estava sentada no ônibus à caminho da faculdade? Mas quantos livros deixei de ler por ainda não ter completado essa leitura?
E se antes de sair, bebesse um copo de água? Ou não tivesse voltado para trancar a porta que havia deixado aberta? Teria encontrado, exatamente quem meu coração queria encontrar, no lugar em que estava, em frente a uma faixa de pedestres, em meio a uma multidão, esperando que o sinal vermelho se acendesse?
E se não gostasse de animais? Será que teria algum para gritar que se calassem? Mas teria dado tantas risadas com demonstrações de "personificação", ou com  tentativas fofinhas de chamar atenção, com os bichinhos de quem?
E se eu gostasse de pagode, ao invés de música clássica? E se preferisse suco de beterraba, ao invés do de laranja? E se preferisse macarronada ao invés de lasanha?
E se naquele dia eu tivesse chorado, ao invés de sorrido? Se ao invés de calar eu tivesse gritado? Se ao invés de fugir eu tivesse tentado? Se ao invés de cortar os cabelos, eu tivesse pintado? Se ao invés de abaixar a cabeça, eu tivesse encarado? Se ao invés de falar eu tivesse escutado? E Se ao invés de tanta coisa, eu tivesse feito outras tantas coisas?
Se apenas uma coisa tivesse sido diferente, todo o resto também seria. 
Se apenas um segundo tivesse sido diferente do que foi, nada seria como é. 
E nunca saberei de que forma seria melhor, porque, afinal de contas, as coisas que nunca fiz, as palavras que nunca disse, os lugares por onde nunca passei serão, para sempre, suposições. E nada mais.
Se, e somente se....

sábado, 7 de agosto de 2010

Cutucadinha inesperada

Um mesa de bar. Amigos em volta. Algumas cervejas. Tudo propiciando um momento mais do que agradável de relaxamento e distração.
Na mesa,um ator, até então, desconhecido pra mim, e um texto na mesma situação.Texto que me fez parar e ouvir atenta. 
Mesmo com pessoas discutindo, em voz alta, alguma coisa ao meu lado, mesmo com pessoas chamando o garçom, mesmo o garçom caminhando até elas, mesmo a dona do restaurante falando seu chinês rápido com um de seus funcionários, mesmo com isso e com aquilo, era só o texto que conseguia ouvir.
E ouvindo esse texto, meu coração e minha mente voaram para longe (ou talvez nem tão longe assim). E representada em palavras que queria dizer, atitudes que queria tomar e coragem que queria ter, sonhei. Sonhei dormindo, sonhei acordada. E continuo sonhando.

"Desculpa, digo, mas se eu não tocar você agora vou perder toda a naturalidade, não conseguirei dizer mais nada, não tenho culpa, estou apenas me sentindo sem controle, não me entenda mal, não me entenda bem, é só esta vontade quase simples de estender o braço para tocar você, faz tempo demais que estamos aqui parados conversando nesta janela, já dissemos tudo que pode ser dito entre duas pessoas que estão tentando se conhecer, tenho a sensação impressão ilusão de que nos compreendemos, agora só preciso estender o braço e, com a ponta dos meus dedos, tocar você, natural que seja assim: o toque, depois da compreensão que conseguimos, e agora.
Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura? Faz pouco despencou uma estrela e fizemos, ao mesmo tempo e em silêncio, um pedido, dois pedidos. Pedi para saber tocá-lo. Você não me conta seus desejos. Sorri com os olhos, com a mesma boca que mais tarde, um dia, depois daqui, poderá me dizer: não. Há uma espécie de heroísmo então quando estendo o braço, alongo as mãos, abro os dedos e brota. Toco. Perto da minha a boca se entreabre lenta, úmida, cigarro, chiclete, conhaque, vermelha, os dentes se chocam, leve rufdo, as línguas se misturam. Naufrago em tua boca, esqueço, mastigo tua saliva, afundo. Escuridão e umidade, calor rijo do teu corpo contra a minha coxa, calor rijo do meu corpo contra a tua coxa. Amanhã não sei, não sabemos.
Pensei em você. Eram exatamente três da tarde quando pensei em você.
Sei porque sacudi a cabeça como se você fosse uma tontura dentro dela e olhei o digital no meio da avenida.
Corre, corre, O número do telefone dissolvendo-se em tinta na palma da mão suada. Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoas enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos,[...]"

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 2 de agosto de 2010