domingo, 27 de junho de 2010

Túnel do tempo [Eu e o teatro ] - Parte1

Venho de uma familia que não faz parte do "público de teatro", mas minha história com ele começou bem cedo.Na minha alfabetização.
Um dia trouxe um formulário para minha mãe preencher em casa. Era uma autorização para sair com a escola nas vésperas da Páscoa, para o teatro. Não lembro que teatro foi, e nem o nome da peça, mas me lembro que fiquei encantada com aquele universo. O que é até meio óbvio, uma vez que para as crianças esse "pacto do teatro", onde o ator finge para a platéia que é alguem, e a platéia finge que acredita,  não é tão claro, e tudo parecia realidade. Era também como ver um filme, com a diferença de que os atores estavam ali, a apenas alguns passos de distância.
Voltei para casa cheia de novidades, e comecei a encarar as minhas brincadeira de "mãe e filho" como um teatro, cristalizando situações e apresentando nas festinhas feitas em minha casa. Ao final sempre ouvia "Nossa, que bonitinho", "Nossa, como sua filha é inteligente", "Nossa, como sua filha é desenibida", e sempre me achava depois de tais comentários. Nesse momento, conheci a vaidade do ator. 
Então, na festinha de fim de ano da minha escola, a professora resolveu fazer uma teatrinho. Iríamos montar Dona Baratinha, e o papel principal foi meu.
Até hoje me lembro da cena em que eu, vestida com uma "saída de praia" de minha mãe, branca com bolinhas pretas, achava uma moedinha atrás da latinha de lixo, e começava a pular, gritando :"Tô rica! Tô rica. Desse dia em diante não parei, e todo final de ano apresentava uma pecinha nos colégios.
Já fui Dona Baratinha, uma índia, uma alcoolatra, uma drogada, a mãe de Moisés, dentre outros que não me lembro agora.Adorava isso. Adorava ser várias.

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